Uma aventura pelo Delta do Parnaíba

No final de outubro de 2011, eu precisei fazer uma viagem a trabalho para Teresina – PI. Vi que era minha oportunidade de conhecer o famoso Delta do Paraíba. Pelas minhas leituras, o delta do rio Parnaíba é o único em mar aberto das Américas e um dos três maiores do mundo em extensão e beleza natural (os outros são o do rio Nilo e o rio Mekong). Alguns sites afirmavam que o principal ponto de saída para o delta era a cidade de Parnaíba, mas as praias ficavam na cidade de Luis Correia.

Como eu teria apenas um fim de semana para ver tudo, reservei um hotel pé na areia em Luis Correia (pelo www.booking.com, claro), pois eu poderia ver o Delta em um dia e curtir a praia no outro. Afinal, tudo é muito próximo no googlemaps. Pesquisei algumas empresas de viação que faziam o trecho Teresina – Luis Correia e a distância. 344km. Perto, mais ou menos 4 horinhas de ônibus.

Praia do Coqueiro - PI

Pelas minhas contas, eu deveria sair de Teresina na sexta depois do almoço. Isso ficou só no planejamento, mesmo...

Eu adorei Teresina. Por incrível que posso parecer, eu achei o clima extremamente agradável. Choveu muito e, quando o tempo abria, ficava bem gostoso... Acho que tive sorte!!!

Cajuína bem geladinha...

Fiz amizade com pessoas incríveis que trabalhavam na Assembléia Legislativa do Piauí, principalmente a Rosaura e a Odiram. A comida daquele lugar é boa demais (você já percebeu que eu tenho uma quedinha por coisas gostosas, não é?). Não deixe de comer no Favorito, restaurante tradicionalíssimo e que serve uma galinha d’Angola maravilhosa. No centro da cidade, vá à Casa da Cultura e veja o que é produzido pelos piauienses. Bem na esquina fica uma lojinha que vende os melhores doces do mundo. Não deixe de experimentar os de cajuí e bacuri. Traga cajuína para você dar de presente. Todo mundo adora ganhar. Mas afastado está o Parque Ambiental Encontro dos Rios, ponto de encontro dos rios Parnaíba e Poty, além de legal, é um excelente local para comprar aquele íma de geladeira que todo mundo gosta.

Na sexta-feira, eu não consegui sair no horário que eu pretendia porque meu chefe e eu fomos conhecer o encontro dos rios com a Rosaura. Até entao estava tudo certo, pois pegaria o ônibus às 18h30 e chegaria em Luis Correia às 22h30. Horário bom para quem está viajando sozinha.

Acho que eu ainda não mencionei isso, mas eu estava indo sozinha!

Rosaura me deixou na rodoviária às 18h. A fila para comprar a passagem estava gigantesca, e eu comecei a ficar apreensiva com a possibilidade de perder o ônibus ou não ter mais vagas. No atendimento, o funcionário da empresa me informa que so tinham duas poltronas vazias  e uma do lado da outra (ótimo! Pedi a janela). Só para matar a minha curiosidade absurda, perguntei quanto tempo de Teresina a Luis Correia. Eu juro que precisei de uma cadeira para poder sentar! Ele respondeu com o melhor dos sorrisos:

_ Até Luis Correia, umas seis horas; seis horas e meia, dependendo do motorista.

18h30, 19h30, 20h30... 1h00...
Como assim seis horas para fazer m trajeto de 344km??? Tudo é possível, principalmente se o ônibus para para todo mundo que dá sinal.

Minha "pequena" bagagem.

A viagem foi bem tranquila, e, como a poltrona ao meu lado estava vazia, consegui cochilar um pouco. Por volta de meia noite, chegamos em Parnaíba, penúltima parada do ônibus, e todo mundo desceu, menos eu. O motorista veio em minha direção e confirmou se eu estava mesmo indo para Luis Correia. Como assim!?!?!?!?! Lá era o fim do mundo? Confirmei e seguimos viagem.  Vinte minutos depois, chegamos na “imensa” rodoviária/ ponto de ônibus de Luis Correia.
Desci do ônibus, peguei minha bagagem. Ah, lembrei: minha bagagem... Como eu fui a trabalho para o Piauí, eu precisei levar meu computador e umas roupinhas melhores, sapatos. Minha mala não era gigante, mas é daquelas que não cabem no compartimento de bagagens em cima da sua cabeça no avião e precisa ser despachada. Além disso, estava com a minha bolsa e uma sacolinha com alguns chapéus que eu tinha comprado à tarde em Teresina.
Voltando, quando peguei minha bagagem, percebi que não tinha nenhum taxi por perto. Perguntei ao motorista do ônibus, e ele me informou que sempre aparecia taxis e eu deveria esperar na frente da rodoviária, que era um local mais seguro (Como assim???????????)

Peguei minha bagagem, dei 4 passos e cheguei na frente da rodoviaria. Ali também não tinha taxis, apenas dois bêbados deitados no chão e meia dúzia de cachorros sarnentos se coçando. Liguei no meu hotel e informei que tinha chegado e que precisava de um taxi. Eles ficaram de providenciar.

5min e nada. 10 min... 15min... 20 min e nada... Até que um mototaxista apareceu.

_Aqui é perigoso. A Senhora está esperando alguém?
_ Sim, estou esperando meu taxi.
_ Não vai passar taxi aqui hoje mais não. Eu levo a senhora. Qual é o seu hotel?

Imediatamente, peguei o telefone e liguei no meu hotel de novo. Perguntei pelo taxi e o recepcionista disse que não tinha conseguido falar com o taxista ainda e que continuaria trentando. Lá estava eu, sozinha no interior do Piauí, de madrugada. O ônibus já tinha ido para a garaagem. Eu tinha duas opções: esperava alguém do meu hotel conseguir um taxi ou montava na garupa da mototaxi e ia. Optei pela segunda, mas antes precisava negociar o preço da corrida... Tá achando que meu dinheiro nasce em árvore?

_ Estou no Aimberê Hotel. Por quanto você me leva até la? Eu perguntei.

_ R$20,00.
_ VINTE REAIS??? Esse é o preço do taxi. Pago R$ 10,00.
_ Oh, Senhora, R$ 10,00 é muito pouco. A gente vai gastar uns 30min para chegar lá.
Como assim demoraríamos 30min para chegar no hotel? Eu comecei a ficar desesperada, mas não podia demosntrar, caso contrário estragaria minha negociação. Ofereci R$15,00 e disse que era a minha oferta final. Ele aceitou. Foi então que eu me toquei: como ele levaria minha mala?

_ Coloco aqui no tanque e seguro com os cotovelos.

_ Entendi. Cadê o capacete?
_ Tem capacete não, Senhora.

O mototaxista arrumou minha mala em cima do tanque de gasolina, eu montei na garupa da moto, segurei minhas coisas com muita força, e fomos rumo ao hotel. Não sei se estava frio ou se eu estava morrendo de medo porque eu não parava de tremer.

Saimos da cidade e pegamos a rodovia. Não passou um carro, moto, jegue, nada... Rodovia vazia e escura. Eu comecei a bolar as estratégias de sobrevivência. Se o mototaxista tentasse fazer qualquer coisa comigo, eu jogaria meu computador na cabeça dele e sairia com a moto. Mas ai eu me lembrei que eu não sabia andar de moto. Droga! Precisava de outra estratégia, mas eu nao conseguia pensar em mais nada a não ser meu cabelo. Meu cabelo estava solto porque eu nao achei a maldita liguinha lá na rodoviária, e eu não conseguia prendê-lo porque minhas mãos estavam segurando o computador, minha bolsa e eu na garupa da moto.... Coitadinho...

Mas nesse desespero, eu consegui prestar atenção em uma coisa: no céu. Como estava estrelado, bonito. A lua prilhava tão forte... e eu vi uma estrela cadente. Que momento poético...

já que não tem foto do momento, vai uma caricatura mesmo!

De repente, o mototaxista sai da rodovia e entra em uma rua escura no meio do nada. Meu coração saiu pela boca. Rezei, orei, pedi a Deus, a todos os Santos, à Nossa Senhora, fiz milhares de promessas!!! Lá no fim da rua tinha uma placa iluminada, e eu consegui enxergar o nome do hotel. Ufa! Tinha chegado.  Que alívio...

Assim que pisei na recepção do hotel, avisei que queria alugar um carro!

Apesar dessa agonia para chegar, aproveitei muito bem o fim de semana na região do Delta do Parnaíba. No domingo, fui para a rodoviária de taxi. Odiram me buscou em Teresena e, depois de jantar com ela e Rosura, voltei para Brasília com muitas estórias para contar...

Rosaura, Odiram e eu rindo das estórias...

Depois dessa longa introdução, vamos às dicas!!

Quando ir:
O ano todo!!!! Do início do verão ao fim do carnaval, a região recebe mais de 1 milhão de turistas. Faltam hotéis e água para tanta gente. A estrutura turística ainda é muito precária.

Transporte:
Carro e/ou ônibus. A empresa Guanabara (http://www.expressoguanabara.com.br/) opera diariamente de Teresina para Luis Correia.

Dentro de Luis Correia, se você não estiver de carro, as opções são taxis ou mototaxis.

Hospedagem:

Existem vários hotéis e pousadas em Paraíba. Em Luis Correia, as opções são menores. EU fiquei hospedada no Aimberê Eco Resort Hotel. Ele é muito bom. Quartos arrumados e limpos, ar condicionado e chuveiro quente. Café da manhã farto e o melhor: na beira da praia.
Fiz a reserva pelo www.booking.com.

Atrações:

·         Delta do Rio Parnaíba: o Rio é um espetáculo, misturando dunas e mangues até o encontro com o mar. Você pode escolher entre o passeio em um barco grande (R$50,00 por pessoa), com muitas pessoas ou alugar um barco rápido para poucas pessoas. Como meu tempo era corrido, e os horários do passeio no barco maior não me agradavam, aluguei a lancha. O valor era R$ 250,00, mas eu negociei, afinal eu estava sozinha, e paguei R$150,00 com motorista. Fiz tudo da própria recepção do meu hotel.
Os barcos saem de Porto de Tatus, um pouco afastado de Parnaíba.

Mangues

Rio Parnaíba - Dunas e mangues se misturam.

·         Lagoa do Portinho: dunas, dunas e mais dunas, com uma lagoa azul no meio. Tem um restaurante que é ponto de apoio para os turistas.

Lagoa do Portinho

·         Praia da Pedra do Sal.

·         Praia de Coqueiro: excelente para a prática de windsurf e kitesurf. Mar levemente agitado. Fiquei hospedada nessa praia. Caminhada pela manhã com o mar batendo nos pés...

Fim de tarde na Praia do Coqueiro

Restaurantes:
Em Teresina, coma no Favorito. Se você quiser, faça todas as refeições lá. É muito bom!!!!
Em Luis Correia, eu comia em qualquer barzinho da praia ou no restaurante do hotel porque fiquei muito afastada da cidade.

Bolinho de peixe com mandioca - Combina muito bem com caipiroska de Caju!!!

Minha primeira aventura aqui no blog foi essa. Espero que vocês também tenham dado algumas gargalhadas – eu sempre que lembro rio sozinha...

Beijos

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